quarta-feira, 16 de abril de 2014

Partida - 08/03/52


"Esta carta vai com mais duas cópias para ser simultaneamente lida pelos amigos, visto que tenho estado algo sobrecarregado de trabalho e, neste período inicial de adaptação, terei de negligenciar um pouco a minha correspondência, que gostaria fosse estrictamente pessoal a cada um de todos da Santa Marina, com quem por tantos anos venho convivendo."
Jantar de despedida oferecido pela diretoria da Santa Marina
                "Fiz uma ótima viagem aérea. Não imaginava que, após a partida de S. Paulo ou do Rio, a gente fosse adquirindo um sentimento de segurança a tal ponto que, em breves horas, já não se pensa mais que estamos num avião a 4 ou 5 mil metros de altitude e com a vida por um fio. O sentimento de segurança é tal que, em breve, passamos a ler, a cochilar, a comer, enfim, a fazer as coisas como se estivéssemos em terra firme, em casa mesmo."

Propaganda da Pan American nos EUA: Que maravilha era voar naquele tempo! NY - RJ em apenas 20 2/3 horas!


Carimbo do passaporte na ida
"Deixamos o Rio à noite e o espetáculo era inesquecível: uma orgia de luzes a se espraiar durante vários minutos, como a tornar mais triste a despedida. Belém, de madrugada, não nos deu boa impressão: luzes fracas, a tal ponto que não pudemos distinguir onde era propriamente a cidade. Sentia-se o famoso calor abafante que o dr. Ceppo nos falara." 





Souvenir da PanAm. À mão anotação de que cruzaram o Equador 20 minutos depois de deixar Belém.
"Saibam todos a quem este for apresentado que:
Homero R. Jancowski
sendo conduzido nas assas de um Clipper da
Pan American World Airways
cruzando o Equador em 09/03/52
foi aceito no Reino Imperial
de Sua Elevada Majestade Rei Jupiter.
Dado e firmado por mim
A. H. Johnson
Capitão de Clipper e Plenipotenciário Extraordinário R. O. J. R."




Pôster da PanAm

"Depois de breve parada em Caracas (não é em Caracas que o avião para, mas sim num aeroporto a uma hora de viagem, sito no litoral). Nada de importante a assinalar, somente as caras de índios que tem os soldados que guardavam o aeroporto, que se acha ainda em fase de construção. 




Porto Rico (S. Juan) foi nosso primeiro contato com os americanos. Nota-se desde logo a organização, o sentido de conforto, a limpeza, a solicitude, que marcam bem o caráter do povo americano. O povo é muito cioso de sua origem espanhola e índia, e pareceu-me que todos falam fluente o inglês, que, entretanto, só utilizam mesmo quando precisam falar com estrangeiros ou os próprios americanos. Perguntei em que língua preferia falar, e ele imediatamente disse que em espanhol."




- Trecho da carta-relatório enviada em 15/03/1952


UPDATE 08/03/16:

Lista de passageiros do voo da Pan American encontrada no site familysearch.com




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